Heineken zero e outras: porquê beber sem álcool

outubro 7, 2023 0 Por VoGadmin

Você já experimentou cerveja sem álcool? O momento para a pergunta é propício, talvez se fizéssemos essa pergunta há alguns anos a resposta provavelmente seria “não”. Hoje, porém, a chance de ser “sim” é maior. Depois de alguns do seu lançamento, a Heineken zero álcool chegou ao Brasil e instigou os consumidores mais do que Brahma, Strella Galicia e algumas outras quando lançaram suas versões zero álcool.

Mas a pergunta ainda é a mesma: você já experimentou? Se sim, sua reação provavelmente foi algo do tipo: “Ah, não é ruim, mas não é a mesma coisa”. Se não é ruim, mas não é tão boa quanto a versão alcoólica, que algumas das vezes custa menos, qual a função de uma cerveja sem álcool? Existem alguns pontos importantes que delimitam o mercado de cervejas sem álcool e fazem com que ele seja limitado (principalmente no Brasil) ao mesmo tempo que em crescimento, e isso se dá pelo evidente conflito de interesses entre a história da bebida alcoólica com seu custo de produção e o crescente movimento de consciência social e de saúde no mundo.

Budweiser zero pack

Ou seja, desde seu descobrimento, a cerveja encanta com seu poder de inebriar, de embriagar. Muitos filósofos citavam a bebida alcoólica – principalmente o vinho e a cerveja – como facilitadores de reflexão e de socialização. Na história recente do Brasil, cerveja sempre esteve relacionada à boemia e à cultura do boteco, sempre acompanhada de cachaça e outras bebidas alcoólicas. Além disso, desde sempre foi uma bebida cujo processo de produção é fácil – lembre-se de que ela foi descoberta espontaneamente de uma ânfora deixada de lado – o que a ajudou a se popularizar. Esses dois pontos, de história e socialização com baixo custo de produção, são pontos base da cultura da cerveja e acreditamos que nunca mudarão por completo. 

Mas, o crescente movimento mundial de conscientização de saúde e comunidade, trouxeram à tona a oportunidade de se beber cerveja sem álcool como opção saudável, segura e não necessariamente menos gostosa. Desde o motorista da rodada até a discussão de dependência química, todo o conhecimento que nós temos hoje faz com que busquemos opções pensando no futuro e é aí que a cerveja zero entra.

Para explicar melhor, vamos nos focar em três pontos: técnicas de produção, saúde e social.

Como se faz cerveja zero?

Por quê é que no Brasil quase não se encontram cervejas zero? A resposta é direta: para um consumidor como o brasileiro, sai caro abrir mão de um tanque de fermentação ou de uma prateleira para colocar um produto que vende bem menos – e custa mais para ser feito. São três as maneiras de se retirar álcool da cerveja.

  • A primeira é uma fermentação arrastada, feita a temperaturas baixas demais para que a levedura faça o processo de fermentação completo. Esse processo é o que explica o fato da maioria das cervejas zero do mercado serem American Lagers, já que se for feito o mesmo processo em uma ale, os off-flavours podem ser muito mais impactantes. Além do fato de que tanto a fermentação arrastada ou interrompida dificilmente vão conseguir o 0.0% de álcool.
  • A segunda é quase como uma pasteurização. Depois de todo o processo normal, a cerveja é aquecida na temperatura certa para que só o álcool seja evaporado. Esse processo, assim como a pasteurização em si, diminui a qualidade da cerveja e por esse motivo a fama da cerveja zero de ser ruim. Para diminuir esse prejuízo, cervejarias com maior infra-estrutura fazem esse processo à vácuo – no vácuo o ponto de ebulição do álcool é mais baixo e a cerveja precisaria de menos calor para retirá-lo, danificando menos a bebida.
  • Por fim, a maneira que menos afeta o líquido e traz com certeza o 0.0% – como na Brahma e na Heineken – a osmose reversa. Essa técnica é uma maneira que apenas cervejarias grandes conseguem executar por ser um processo mais caro. É o mesmo processo utilizado para dessalinizar a água do mar. A cerveja é feita como qualquer outra e, após a fermentação, usa-se um filtro no qual apenas a água e o álcool passam, então destila-se o álcool da água e retorna-se a água à mistura da cerveja. Tudo feito em nível molecular.

Cerveja zero é bom para a saúde?

A consciência europeia sobre a cerveja como alimento fez com que as variações fossem valorizadas. E a sem álcool é uma delas. Por toda a Europa, mas bem caracterizado pela Alemanha, a cerveja sem álcool existe há muito tempo como alimento, o que reflete na cultura de hoje.

Você também pode beber cerveja low-carb. Dá uma olhada aqui.

Por ser feita apenas com ingredientes naturais e ter uma constituição de praticamente água, é inevitável, que seja uma bebida saudável. Hidratação, reposição de sais minerais, fonte de polifenóis – que ajudam na imunidade -, fonte também de silício, cálcio e por aí vai; todos pontos que argumentam a favor da cerveja e que são suprimidos pelo álcool – que é bastante nocivo. Existem inclusive estudos que indicam cerveja sem álcool para atletas de alto rendimento e para mulheres grávidas, trazendo inúmeros benefícios para a imunidade e recuperação após grandes esforços.

Porque ser o motorista da rodada?

Cerveja sempre foi socialização. Desde os egípcios que bebiam todos juntos da mesma ânfora até o botecos lotados de alguns meses atrás. É o poder de embriaguez no boteco, na faculdade ou no casamento, que relaxa as pessoas e as faz aproveitar momentos importantes que talvez não fossem tão aproveitáveis. Infelizmente, o excesso é pior e mais impactante. É o alcoolismo, violência, abuso, tudo partindo do mesmo princípio de se “soltar” com o álcool. Com o recente crescimento de consciência social no mundo – em todos os aspectos, como racismo, machismo, homofobia e respeito ao próximo – fatos como não beber e dirigir, ou fumar em local fechado, fazem cada vez mais sentido e são cada vez mais impostos, o que traz a oportunidade para a cerveja sem álcool brilhar.

E esse é o pulo do gato. A única coisa ruim do consumo de bebida alcoólica, que é o excesso, é combatido pela cerveja sem álcool. É óbvio que se perde algo das partes boas do produto original, mas é inevitável que a cerveja sem álcool impede que o relaxamento vire problema. Não é como se o futuro fosse exclusivo de cerveja sem álcool. Aqui no Viva o Gole nós apontamos e valorizamos a bebida como arte, como combustível para vivermos com mais qualidade e felicidade. Não faz sentido abrir mão disso. Mas assim como o movimento “beba menos, beba melhor”, o consumo moderado e consciente é vital para que o lado negro do álcool não tome frente e que possamos TODOS nos divertir juntos.