História da cerveja e da comida #1

História da cerveja e da comida #1

julho 16, 2022 0 Por VoGadmin

Veja como foi a evolução da alimentação no mundo até hoje e como isso impacta a harmonização. Duas partes!

Você já deve ter ouvido falar ou já experimentou uma harmonização de pratos com vinho. A prática está marcada em vários livros de história e mesmo na cultura brasileira a alta gastronomia sempre esteve ligada ao fermentado de uva. Mas, murmurinhos dizem que quem vem crescendo e harmonizando maravilhosamente com os pratos são as cervejas. E se esse movimento vem ganhando forças pelas mãos de grandes chefs e sommeliers brasileiros, surge a questão: por quê essa prática só aparece agora, sendo que a bebida tem milênios de história? Basicamente porque o Brasil é jovem em relação aos mais tradicionais em termos de cultura cervejeira. Antes de adentrar de vez no universo da harmonização, vamos passar por um resumo básico sobre a origem da bebida e da comida/alimentação na história do mundo para então chegar no tão amado ponto de fusão das duas coisas.

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Um pouco sobre a história da cerveja

Sabemos que a história da alimentação tem mais de 500 mil anos, e que ela começa um pouco antes da descoberta do fogo. Mas e a da Cerveja? Muito tempo depois do fogo, assim que se descobriu o poder de plantar alimentos, alguns grãos que estavam em ânforas foram esquecidos ao ar livre e expostos a chuva e sol, e acabaram por fermentar. Algum corajoso bebeu, gostou, compartilhou, e o sucesso foi tanto que decidiram fixar moradia, abandonando a vida de nômades para poder investir na agricultura. Com isso a alimentação dos povoados foi influenciada diretamente, já que além de plantarem para produzir a bebida, os cereais que ali eram plantados foram introduzidos na alimentação com segurança, diferente das carnes de caça, que na época apodreciam muito rapidamente devido à falta de técnicas de conservação.

O desenvolvimento do que conhecemos como cozinha se deu ao longo do tempo, conforme as técnicas de cozinhar, ferver, secar, macerar, defumar, e futuramente fermentar, foram controladas, aplicadas e aprimoradas para fins de conservação ou tornar alguns alimentos comestíveis, sem ainda ter como objetivo principal melhorar o sabor dos alimentos. Cada povo e cada cultura foi aprimorando ao seu modo, com o passar dos séculos, preparos, sabores, e até mesmo texturas. O que também vale para a cerveja, a qual temos catalogada em escolas e famílias sensorialmente diferentes.

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Socialização e religião

Com a fixação dos nômades em terras e o aumento populacional, podemos agradecer à cerveja por auxiliar na socialização e formação das comunidades da época, já que culturalmente era servida em grandes jarros e canudos longos – que auxiliavam na filtragem da bebida – além de também servir como moeda de troca e pagamento para os trabalhadores locais.

Sem contar o papel importante dentro da religião, tendo como exemplo principal, o “Hino a Ninkasi”, que era basicamente uma descrição detalhada da fabricação da bebida e oferecida em agradecimento a Deusa Ninkasi, tal qual a Deusa Ceres era celebrada pela plantação de cereais. Cultura essa que se manteve e ainda possui grande força dentro do meio religioso, com bons exemplos nos mosteiros beneditinos e trapistas que têm sua fonte de renda encaminhada para o auxílio da comunidade nas quais estão inseridos.

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O ato de comer e beber em comunidade foi se fortalecendo com o tempo, pois era um meio de fortalecer a amizade ou reforçar as relações entre senhor e seus vassalos como ato de festividade regado a comida e bebida. Banquetes suntuosos aconteceram ao longo das décadas e em vários povos diferentes, mas estudos apontam que alguns alimentos eram comuns em qualquer cultura: em primeiro lugar a carne fresca, seguida diretamente por bebidas alcoólicas fermentadas como a cerveja – na época feita de cereais e frutas – e o vinho. Ou seja, independente de técnicas de harmonização, a cerveja acompanha a comida há tanto tempo quanto o vinho e estava presente nas mais diversas castas da comunidade.

Pasteurização e segurança da água

Durante toda a evolução tecnológica da humanidade, a alimentação sempre esteve no limiar entre o venenoso ou estragado e o saudável. Sendo assim, a cerveja foi uma fonte segura de água durante toda a história, já que o processo de produção esteriliza a água e elimina micro-organismos nocivos ao homem.

Isso sem falar que logo depois teve a inserção do lúpulo, quando Louis Pasteur desenvolveu o método de pasteurização como meio de prolongar a “validade”, não só dos alimentos, mas de sua bebida favorita, que, pasmem, era cerveja – além de ser o descobridor da levedura, que sempre esteve na na bebida, mas até ali não tinha sido caracterizada.